Conforme frisa o fundador da Log Lab, Antônio Fernando Ribeiro Pereira, a interseção entre tecnologia e agricultura tem se mostrado uma das mais promissoras vertentes do empreendedorismo moderno. No Brasil, um país com forte tradição no setor agropecuário, o surgimento das chamadas rural-techs, startups focadas em soluções tecnológicas para o campo, representa uma revolução silenciosa que está mudando a forma como se produz, distribui e consome alimentos.
Como a tecnologia está transformando o campo?
Nos últimos anos, agricultores têm adotado tecnologias como internet das coisas (IoT), inteligência artificial e drones para monitorar plantações, prever colheitas e gerir recursos com mais precisão. Essas ferramentas permitem um controle mais rigoroso sobre o solo, o clima e as pragas, o que aumenta a produtividade e reduz desperdícios. Com isso, mesmo propriedades de pequeno e médio porte conseguem competir em um mercado cada vez mais exigente e globalizado.
Além das melhorias diretas na produção, Antônio Fernando Ribeiro Pereira ressalta que o acesso à conectividade tem gerado novas oportunidades de negócios e aprendizado no meio rural. Plataformas digitais permitem ao produtor comercializar diretamente com o consumidor final, acessar crédito mais facilmente e participar de cursos e treinamentos online. Isso cria um ecossistema mais dinâmico e conectado, em que o campo não é mais visto como espaço isolado, mas como parte fundamental da cadeia de inovação nacional.
Quais os desafios para empreender no setor rural-tech?
Apesar do potencial, empreender em rural-tech envolve desafios específicos, como a falta de infraestrutura de internet em áreas remotas e a resistência cultural à adoção de novas tecnologias. Muitas regiões ainda carecem de conectividade mínima, o que inviabiliza o uso de soluções digitais mais sofisticadas. Além disso, há uma lacuna de conhecimento técnico que exige capacitação contínua dos trabalhadores e produtores rurais.

Antônio Fernando Ribeiro Pereira destaca que outro obstáculo relevante é o acesso a investimentos. Startups voltadas ao agronegócio nem sempre conseguem atrair capital de risco, especialmente nos estágios iniciais, por serem vistas como de retorno lento ou muito dependentes de variáveis climáticas. Por isso, políticas públicas e parcerias com universidades e grandes empresas do setor são fundamentais para fomentar esse ecossistema e criar um ambiente mais favorável à inovação rural.
De que forma a rural-tech conecta campo e cidade?
O impacto das rural-techs não se limita ao meio rural — elas estão transformando também o modo como os consumidores urbanos se relacionam com os alimentos e com os produtores. Aplicativos que ligam diretamente agricultores a consumidores ou restaurantes eliminam intermediários, reduzem custos e valorizam a produção local. Isso estimula o consumo consciente e fortalece redes de comércio mais justas e sustentáveis.
Além disso, iniciativas de rastreabilidade e transparência nos processos produtivos, viabilizadas por tecnologias como blockchain, permitem ao consumidor urbano conhecer a origem dos alimentos que consome. Essa aproximação gera confiança, fidelização e, muitas vezes, engajamento em causas ligadas à agricultura familiar, agroecologia ou práticas sustentáveis. Antônio Fernando Ribeiro Pereira explica que, desse modo, a cidade e o campo, antes distantes, se tornam partes de um mesmo sistema integrado.
Inovação com raízes no solo
O empreendedorismo rural-tech é mais do que uma tendência passageira; é uma necessidade para garantir a segurança alimentar, o desenvolvimento sustentável e a inclusão social no Brasil. Ao unir inovação tecnológica com o saber tradicional do campo, cria-se uma nova geração de produtores e empreendedores que pensam globalmente, mas agem localmente. Investir nesse ecossistema é investir em um futuro mais conectado, produtivo e equilibrado para todos.
Autor: Vyacheslav Gavrilov