A indústria brasileira apresentou uma variação positiva de 0,1 % em outubro na comparação com o mês anterior. O resultado veio após uma queda de 0,4 % em setembro e indica uma tentativa de retomada, ainda que tímida, dentro do setor produtivo. Com esse desempenho, a produção industrial nacional permanece acima do nível registrado antes da pandemia, mas segue distante do pico histórico alcançado em 2011, revelando que a recuperação estrutural ainda não está totalmente consolidada.
O avanço observado em outubro foi impulsionado principalmente pelo segmento de indústrias extrativas, que cresceu 3,6 %. Esse aumento se deve ao crescimento da extração de petróleo, minério de ferro e gás natural, compondo um cenário em que o setor compensa perdas acumuladas nos meses anteriores, especialmente em agosto e setembro. O comportamento desse ramo produtivo foi determinante para que o resultado geral da indústria não ficasse no campo negativo.
Além da extração mineral, outros segmentos industriais também contribuíram positivamente para o desempenho do mês. Produtos alimentícios apresentaram alta de 0,9 %, veículos automotores, reboques e carrocerias avançaram 2,0 %, produtos químicos cresceram 1,3 %, equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos tiveram aumento de 4,1 %, enquanto confecção de artigos de vestuário e acessórios registrou crescimento de 3,8 %. Esse conjunto de variações positivas mostra que a recuperação, ainda lenta, se distribuiu entre diferentes setores.
Apesar dos avanços pontuais, alguns ramos apresentaram retrações significativas, freando o resultado geral. Entre eles, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis registraram queda de 3,9 %, enquanto produtos farmoquímicos e farmacêuticos recuaram expressivos 10,8 %. Também houve recuos nos segmentos de impressão e reprodução de gravações e na produção de artigos de fumo. Esses comportamentos demonstram que a indústria permanece heterogênea, com setores ainda enfrentando desafios mais severos.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a indústria geral mostrou queda de 0,5 %. Dos 25 ramos pesquisados, 15 registraram retração, assim como 53 dos 80 grupos industriais analisados. Setores como derivados de petróleo, veículos automotores, produtos farmacêuticos, produtos de metal e máquinas e aparelhos elétricos impactaram negativamente o desempenho anual. Em contrapartida, indústrias extrativas e produtos alimentícios foram os ramos que mais contribuíram com resultados positivos nessa mesma comparação.
Quando observado o acumulado do ano, a indústria apresentou crescimento de 0,8 %, enquanto nos últimos 12 meses houve uma elevação de 0,9 %. Os números indicam uma recuperação, porém em ritmo moderado. A falta de uniformidade entre os diferentes ramos industriais também revela que o setor ainda enfrenta dificuldades para consolidar um ciclo de expansão mais forte e mais equilibrado entre suas diversas áreas produtivas.
Esse cenário de contrastes mostra que, embora alguns ramos estejam reagindo, o setor industrial brasileiro ainda convive com fatores que comprometem sua consistência, como oscilações de demanda interna, custos elevados de produção, pressão sobre matérias-primas e instabilidade externa. Esses elementos influenciam de forma desigual cada segmento, o que explica a variação entre avanços e recuos. Mesmo assim, os resultados sugerem possibilidade de retomada gradual, especialmente caso haja ambiente macroeconômico mais estável.
Em síntese, os dados demonstram que a indústria brasileira avança de forma lenta, porém contínua, com destaque para setores extrativos e alguns grupos específicos da transformação. No entanto, a presença de retrações em áreas importantes reforça que o movimento de recuperação ainda é sensível. Para que o crescimento se consolide de maneira mais estável, será necessário acompanhar a evolução da demanda, a eficiência produtiva e as condições econômicas internas e externas nas próximas etapas.
Autor: Vyacheslav Gavrilov
