O cenário do emprego na indústria brasileira sofreu uma reversão inédita nos últimos 18 meses. Segundo dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria, houve uma queda de 0,4% no número de postos de trabalho entre março e abril deste ano. Essa retração rompe um ciclo de crescimento que vinha desde setembro de 2023 e reflete a desaceleração da atividade econômica no setor. A notícia preocupa analistas e empresários, já que o desempenho do emprego na indústria é um importante termômetro da saúde produtiva do país.
De acordo com a CNI, o recuo do emprego na indústria está diretamente relacionado à diminuição da demanda e ao enfraquecimento da atividade industrial. Após um período de crescimento sustentado impulsionado pelo aumento no consumo de bens industriais, o setor começou a apresentar sinais de enfraquecimento. Esse movimento, observado desde o início de 2025, se intensificou em abril, resultando na primeira retração relevante no número de contratações desde o fim de 2023.
O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, afirma que o emprego na indústria cresceu por 17 meses consecutivos, mas começou a desacelerar em março antes de registrar a queda em abril. A trajetória de desaceleração do emprego na indústria acompanha a retração da produção industrial e o enfraquecimento da confiança empresarial, refletindo incertezas tanto no cenário interno quanto externo. Esse quadro, segundo especialistas, pode se prolongar caso a demanda interna não volte a se fortalecer.
Apesar da queda pontual no mês de abril, o emprego na indústria ainda apresenta crescimento no acumulado do ano. Comparando os quatro primeiros meses de 2025 com os quatro últimos meses de 2024, há uma alta de 0,7%. Esse dado mostra que, embora o mês de abril tenha representado uma inflexão preocupante, o setor ainda sustenta um desempenho positivo no médio prazo. Além disso, quando comparado ao mesmo período do ano passado, o emprego na indústria subiu 2,6%, indicando resiliência em meio às dificuldades conjunturais.
Outro dado relevante trazido pela pesquisa da CNI é o crescimento da massa salarial real, que teve alta de 4,4% no mesmo período analisado. Esse aumento do rendimento médio dos trabalhadores da indústria pode funcionar como um fator de estímulo ao consumo, contribuindo para a recuperação da demanda e, consequentemente, para uma retomada futura do emprego na indústria. Contudo, esse processo depende de uma série de variáveis macroeconômicas, como juros, crédito e confiança do consumidor.
Especialistas do setor industrial alertam que a queda no emprego na indústria pode ser apenas o começo de um movimento mais amplo, caso não haja medidas para reaquecer a economia. A desaceleração da indústria pode impactar diretamente outros segmentos, como comércio e serviços, reduzindo o ritmo de geração de empregos em toda a cadeia produtiva. Isso reforça a necessidade de políticas públicas focadas no estímulo à produção e ao consumo, sobretudo em um momento de desafios no cenário internacional.
O emprego na indústria é considerado um dos principais indicadores de desenvolvimento econômico, já que o setor industrial concentra boa parte dos empregos formais e oferece salários acima da média nacional. A sua recuperação ou deterioração afeta diretamente a renda das famílias, a arrecadação de impostos e o dinamismo do mercado interno. Por isso, acompanhar com atenção os movimentos do emprego na indústria é essencial para compreender o rumo da economia brasileira.
Diante desse cenário, analistas recomendam cautela, mas destacam que o Brasil ainda possui potencial de recuperação do emprego na indústria. O desafio está em garantir condições para que a produção volte a crescer de forma sustentada. A agenda econômica dos próximos meses deve considerar medidas para melhorar o ambiente de negócios, aumentar a competitividade e incentivar a modernização do setor industrial, criando assim um ambiente favorável à retomada do emprego na indústria em todo o país.
Autor: Vyacheslav Gavrilov