O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (31) e deve manter a taxa básica de juros estável em 10,5% ao ano, conforme projeções do mercado financeiro. A decisão será anunciada após as 18h. A alta do dólar, que acumulou 15,9% em 2024, pode pressionar a inflação no segundo semestre, segundo especialistas.
A manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano, se confirmada, representará o menor nível desde fevereiro de 2022. No entanto, a taxa brasileira ainda é a segunda mais alta entre 40 países. A alta do dólar, cotado a R$ 5,62, pode influenciar a inflação, pois um juro mais alto tende a conter a valorização da moeda norte-americana.
A taxa de câmbio afeta os preços domésticos, seja pela importação de produtos e insumos ou pela equiparação dos preços praticados no Brasil com o mercado internacional. “A tendência é que a gente venha a sentir esses impactos [do câmbio] a partir de julho em diante”, afirmou Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
O mercado financeiro espera que o BC sinalize sobre possíveis aumentos futuros na taxa de juros. O presidente Lula tem criticado a taxa elevada, que ele considera prejudicial ao crescimento econômico e à geração de empregos. No entanto, o BC, liderado por Roberto Campos Neto, tem autonomia para fixar a Selic e busca conter a inflação.
O Itaú avaliou que o ambiente externo se tornou menos adverso, com dados de inflação e atividade econômica nos Estados Unidos sugerindo que o ciclo de cortes de juros pode começar em breve. No entanto, a alta do dólar e a resiliência do mercado de trabalho brasileiro continuam pressionando a inflação.
Beto Saadia, Diretor de Investimentos da Nomos, observou que as expectativas de inflação do mercado estão desancoradas em relação às metas, e que a inflação corrente não ajudou, enquanto as contas públicas permanecem incertas. “Por tudo isso, já faria sentido um aumento da Taxa Selic”, afirmou Saadia.
Em maio, o Copom defendeu uma atuação “firme” e “vigilante” para conter a inflação e não descartou “eventuais ajustes futuros” na taxa de juros. Especialistas apontam que uma taxa de juros maior pode influenciar os juros bancários, o crescimento econômico, as contas públicas e as aplicações financeiras.
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, o Banco Central olha para o futuro, e não para a inflação corrente. As mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para impactar a economia, o que justifica a abordagem preventiva do BC.