O streaming se consolidou como um dos fenômenos mais disruptivos da indústria do entretenimento e do mercado audiovisual. Isto posto, como destaca Fernando Trabach Filho, a Netflix desempenhou um papel central nessa transformação, não apenas por inaugurar um novo modelo de consumo audiovisual, mas também por alterar toda a estrutura de receita que sustentava o cinema, a televisão e o licenciamento de conteúdo. Com isso em mente, a seguir, abordaremos os detalhes desse impacto cultural e econômico.
A nova lógica de consumo e o declínio das bilheterias com o impacto do streaming
Com o avanço do streaming, o comportamento do público mudou significativamente. As pessoas passaram a priorizar a comodidade do acesso sob demanda, o que impactou diretamente a frequência nas salas de cinema. De acordo com o administrador de empresas Fernando Trabach Filho, a praticidade de assistir a filmes em casa, sem filas ou deslocamentos, reduziu o apelo das estreias presenciais, principalmente fora dos grandes lançamentos. Isso forçou os estúdios a repensarem suas estratégias de distribuição.
Além disso, o streaming afetou a janela de exibição dos filmes, reduzindo o tempo entre a estreia nos cinemas e a disponibilidade nas plataformas digitais. Com isso, muitos longas que antes se beneficiavam de uma bilheteria prolongada viram sua performance despencar. Aliás, essa mudança de lógica também implicou em novos modelos contratuais entre produtoras e serviços de streaming, influenciando os lucros e a forma como os projetos são financiados.
O impacto da Netflix nas receitas da televisão tradicional
Outro setor profundamente afetado foi o da televisão aberta e por assinatura. A Netflix passou a oferecer um catálogo variado, livre de comerciais e com liberdade de escolha para o usuário, o que atraiu um público antes fidelizado a canais tradicionais. Conforme ressalta de Fernando Trabach Filho, esse movimento gerou queda na audiência da TV linear e, consequentemente, na receita publicitária e nos contratos com operadoras.
Desse modo, as emissoras tiveram que reformular sua atuação. Muitas lançaram suas próprias plataformas de streaming para manter parte do público. No entanto, a fragmentação do mercado e a dificuldade de competir com o investimento massivo da Netflix tornaram esse reposicionamento desafiador. Ou seja, o streaming criou uma nova dinâmica de concorrência, baseada em dados, algoritmos e produção sob demanda.
Como o licenciamento de conteúdo foi transformado pelo streaming?
O modelo tradicional de licenciamento de conteúdo também passou por reformulação. Antes do streaming, produtoras e estúdios vendiam seus títulos para canais e distribuidoras em contratos temporários e lucrativos. Porém, a partir da ascensão da Netflix, essa lógica se inverteu: grandes players passaram a investir em produções próprias e a reduzir o licenciamento externo.
Esse novo cenário trouxe as seguintes consequências para o mercado:
- Redução da oferta de títulos licenciados por produtoras independentes.
- Aumento da produção de conteúdo original pelas plataformas.
- Concentração de catálogos exclusivos em poucos serviços de streaming.
- Dificuldade para pequenas distribuidoras manterem acordos rentáveis.
- Internacionalização de produções locais, graças ao alcance global das plataformas.

Aliás, esses efeitos não apenas afetaram o faturamento das empresas que dependiam de licenciamento, mas também mudaram a lógica de investimento em novos projetos. Logo, a preferência por produções originais favorece empresas com maior poder financeiro e limita as opções de monetização para produtores menores.
Como o streaming influencia na cadeia produtiva do audiovisual?
A transformação promovida pela Netflix afetou também a cadeia produtiva do audiovisual. Pois, com a demanda crescente por conteúdo exclusivo, aumentou a quantidade de projetos em desenvolvimento, o que gerou novas oportunidades para roteiristas, diretores, atores e técnicos. No entanto, segundo o administrador de empresas Fernando Trabach Filho, essa expansão veio acompanhada de maior pressão por resultados imediatos e pelo uso intenso de métricas para decidir quais conteúdos seguirão com novas temporadas ou não.
Esse novo cenário também promoveu mudanças na forma de produção, conforme pontua Fernando Trabach Filho. Pois, o streaming exige agilidade, escalabilidade e apelo global. Isso fez com que os projetos fossem desenhados desde o início para atender a públicos diversos, muitas vezes em detrimento de abordagens mais autorais ou experimentais.
A Netflix como a catalisadora da revolução audiovisual
Em resumo, o streaming, impulsionado principalmente pela Netflix, transformou profundamente o mercado audiovisual. Dessa forma, do cinema à televisão, passando pelo licenciamento e pela produção de conteúdo, todas as engrenagens desse setor foram impactadas. Inclusive, essa mudança não é passageira, mas estrutural, exigindo novas estratégias, parcerias e modelos de negócios.
Autor: Vyacheslav Gavrilov