Nos Estados Unidos, muitas empresas estão buscando trazer seus funcionários de volta aos escritórios de forma permanente, oferecendo salários mais altos como incentivo. Grandes corporações como Boeing, UPS e JPMorgan Chase já implementaram o retorno ao trabalho presencial cinco dias por semana. Essa mudança, no entanto, tem um custo significativo, especialmente em um país que adotou amplamente o trabalho flexível durante a pandemia.
De acordo com Julia Pollak, economista-chefe da ZipRecruiter, empresas que não conseguem competir em termos de flexibilidade estão aumentando os salários para atrair funcionários de volta ao escritório. Dados da ZipRecruiter mostram que, em março de 2024, o salário médio para funções totalmente presenciais era de US$ 82.037, um aumento de mais de 33% em relação ao ano anterior. Comparativamente, funções híbridas e remotas ofereciam salários menores, destacando a tendência de remuneração mais alta para o trabalho presencial.
A compensação financeira visa equilibrar a perda de flexibilidade que os trabalhadores valorizam. Aqueles que mudaram de trabalho remoto para presencial nos EUA até 2023 receberam um aumento salarial de 29,2%, quase o dobro dos que fizeram o caminho inverso. Isso reflete a demanda por salários mais altos para compensar a falta de autonomia.
No Reino Unido e na Europa, a situação é diferente, com menos disponibilidade de trabalho remoto. Uma pesquisa de 2023 mostrou que 43% dos trabalhadores no Reino Unido já haviam retornado ao trabalho presencial. Assim, a tendência de salários mais altos para trabalho presencial é menos pronunciada fora dos EUA.
Apesar do custo, algumas empresas acreditam que escritórios cheios resultam em melhores resultados de negócios. Há uma percepção de que trabalhadores remotos podem ser menos produtivos, e muitos empregadores estão comprometidos com seus espaços físicos, desejando ocupá-los a qualquer custo.
Barbara Petrongolo, professora de economia na Universidade de Oxford, alerta que essa diferença salarial pode aumentar desigualdades no mercado de trabalho, afetando principalmente mulheres que buscam flexibilidade devido a responsabilidades familiares. Se os empregos mais bem remunerados oferecem menos flexibilidade, isso pode limitar as oportunidades para certos grupos.
Especialistas preveem que o pagamento adicional para trabalho presencial deve continuar enquanto a demanda por flexibilidade permanecer alta. Em março de 2024, cerca de 33% das vagas nos EUA ainda eram anunciadas como híbridas ou remotas, indicando que a flexibilidade continua sendo um fator importante para os trabalhadores.