A indústria brasileira reage com sinais consistentes de crescimento após um longo período de estagnação. Após oito meses sem avanços significativos, a produção industrial teve um aumento de 1,2% em março, o que representa um ganho importante para o setor. Comparado ao mesmo mês de 2024, esse crescimento chega a 3,1%, e no acumulado do trimestre o desempenho industrial mostra uma elevação de 1,9%. Esse cenário reflete, entre outros fatores, a elevação no consumo das famílias e o fortalecimento do mercado interno, que têm impulsionado setores como o varejo e a produção de bens de consumo.
Apesar de a indústria brasileira reagir positivamente, o setor ainda se encontra 14,4% abaixo do seu melhor desempenho histórico, registrado em maio de 2011. Mesmo superando os impactos causados pela pandemia, com resultados 2,8% superiores ao de fevereiro de 2020, o ritmo de recuperação ainda é considerado lento. A indústria brasileira reage, mas enfrenta obstáculos antigos como baixa produtividade, deficiências logísticas e limitações tecnológicas. Esses entraves estruturais impedem que o país aproveite integralmente o potencial de crescimento do setor.
Um dos pontos que mostram como a indústria brasileira reage é a performance do segmento de bens de consumo duráveis. Em comparação com o primeiro trimestre de 2024, houve um crescimento de 11,6% na fabricação desses produtos. A produção de bens de capital também registrou alta de 5,2%, indicando uma maior confiança dos empresários e um leve avanço nos investimentos produtivos. No entanto, esses dados, embora positivos, ainda não representam uma reversão plena do quadro de baixa competitividade do setor industrial nacional.
Enquanto a indústria brasileira reage, o investimento produtivo segue abaixo do necessário para uma retomada sólida e sustentável. O Brasil investe, proporcionalmente, menos do que outras economias emergentes com características semelhantes. Ao longo dos últimos 25 anos, o país raramente superou a taxa de 18% do Produto Interno Bruto destinada ao investimento. Economias comparáveis frequentemente ultrapassam os 20%, o que evidencia uma deficiência crônica no aporte de recursos para infraestrutura, inovação e modernização industrial.
Outro aspecto que afeta diretamente como a indústria brasileira reage é o nível de investimento público. A falta de planejamento e de boa gestão tem gerado desperdício de recursos, com centenas de obras paralisadas ou abandonadas por todo o país. Sem projetos bem estruturados, o capital estatal não consegue impulsionar o crescimento de setores estratégicos, limitando o alcance dos efeitos positivos gerados pelo setor privado. A indústria brasileira reage, mas precisa de um ambiente macroeconômico mais favorável e de políticas públicas eficientes para prosperar.
A indústria brasileira reage também por influência do consumo interno aquecido, impulsionado pela elevação do emprego formal e da renda média. Esse movimento aumenta a demanda por produtos industrializados, incentivando fábricas a ampliarem a produção. Contudo, sem investimentos consistentes em pesquisa, capacitação de mão de obra e inovação tecnológica, esse crescimento poderá se tornar passageiro. A indústria brasileira reage, mas ainda carece de uma estratégia nacional que estimule a sua transformação e maior inserção nas cadeias globais de valor.
A retomada gradual da confiança dos empresários mostra que a indústria brasileira reage com base em expectativas moderadamente positivas. Desde o segundo trimestre do ano passado, observa-se um retorno cauteloso do investimento em bens de capital, refletindo uma tentativa de modernização da estrutura produtiva. Entretanto, essa movimentação não é suficiente para garantir um crescimento sustentável no longo prazo. A indústria brasileira reage, mas sem a aceleração do investimento produtivo, os avanços continuarão limitados.
É preciso reconhecer que a indústria brasileira reage apesar de um cenário de competitividade desfavorável. O Brasil ocupa posições muito baixas em rankings internacionais que avaliam infraestrutura, ambiente regulatório, custo de produção e facilidade de fazer negócios. Para mudar essa realidade, é essencial promover reformas estruturais, ampliar os investimentos públicos e privados e fortalecer políticas industriais modernas e eficazes. Somente assim a indústria brasileira reagirá com força total, consolidando sua recuperação e garantindo um papel de protagonismo no desenvolvimento econômico do país.
Autor: Vyacheslav Gavrilov